quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Insetos podem se reproduzir em painéis solares com plantas nativas

 Fonte: e-cycle

Imagem de Andres Siimon no Unsplash

Os painéis solares não precisam ser um deserto ambiental. Eles podem ser adaptados para acomodar a vida selvagem

Um estudo conduzido por pesquisadores do Laboratório Nacional Argonne e do Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA revelou que cultivar vegetação nativa ao redor de um campo fotovoltaico pode estimular as comunidades de insetos a prosperar e se adaptar.

Dois locais solares foram selecionados para este experimento no início de 2018. Gramíneas e flores nativas foram cuidadosamente plantadas na área, com a esperança de que fomentassem o ecossistema local. E elas cumpriram seu propósito.

Entre agosto de 2018 e agosto de 2022, os pesquisadores conduziram 358 observações, monitorando as plantas em floração e as comunidades de insetos, avaliando constantemente a abundância de ambas. Atualmente, não existe um método automatizado para tal tarefa, demandando, assim, um esforço considerável em tempo e energia. Porém, os resultados superam os desafios.

No geral, a quantidade total de insetos triplicou ao longo do estudo, e as populações de abelhas nativas aumentaram em 20 vezes. Outras espécies, como vespas, mariposas, borboletas e besouros, também cresceram. Como benefício adicional, os polinizadores contribuíram para os campos agrícolas vizinhos.

Globalmente, os insetos enfrentam desafios significativos. As populações de abelhas, em particular, estão em declínio notório, mas outras espécies também sofrem. Parte desse declínio é atribuída ao uso de pesticidas, enquanto outra parte está relacionada ao desenvolvimento de infraestrutura. Assim, cada vez mais, os pesquisadores clamam por infraestruturas que também beneficiem os insetos.

Isso é ainda mais relevante para os painéis solares. Com as tendências atuais, espera-se que vastas áreas sejam cobertas por esses painéis, muitas delas ocupando terras agrícolas. Esta pesquisa sugere que os locais solares que promovem habitats naturais podem desempenhar um papel crucial na conservação da biodiversidade. Muitos campos agrícolas não são propícios para os insetos, e a combinação de painéis solares com plantas nativas pode ser uma benção para essas criaturas. Além disso, essa abordagem pode oferecer vantagens aos campos agrícolas adjacentes, ao atrair mais polinizadores.

Entretanto, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos para entender a viabilidade dessa abordagem em diferentes regiões. Este é um local de teste promissor que indica que, em certas condições, essa estratégia pode funcionar. Se os resultados puderem ser reproduzidos em diferentes climas e áreas geográficas, poderemos ter uma solução valiosa em mãos.

Escrito por:

Stella Legnaioli

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Morte de abelhas é prejuízo econômico para agricultura

 Fonte: O Popular

Não são apenas os apicultores que perdem dinheiro; insetos são parte importante na polinização de várias culturas e ganho de produtividade em lavouras

Por Lucia Monteiro (21/01/2024)

José Elton de Melo Nascimento, zootecnista e supervisor de apicultura do Senar-GO: uso de agrotóxicos de forma indiscriminada podem matar as colônias de abelhas (Wildes Barbosa / O Popular)

A morte de quase nove milhões de abelhas em três apiários de Goiás, supostamente devido a uma pulverização em fazendas vizinhas, reascendeu a discussão sobre a importância destes insetos, não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para toda economia agrícola. Estudos sobre apicultura e meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) já mostraram que a polinização melhora em até 30% a produtividade das lavouras. Para algumas culturas, como a da melancia, a dependência chega aos 95%.

Em Bela Vista, 26 colmeias foram atingidas, e outras 32 em Silvânia. “Quando se fala em proteger as abelhas, estamos falando em proteção de culturas agrícolas. Não só de apiários e colmeias, pois as abelhas são as polinizadoras mais importantes da terra”, alertou o delegado Luziano de Carvalho, da Delegacia Estadual de Meio Ambiente. Segundo ele, três procedimentos de investigação foram instaurados para apurar a existência de crime ambiental por uso inadequado de agrotóxicos.

“A estimativa é que cerca de 500 colônias de abelhas tenham sido mortas em Goiás só no ano passado”, alerta o zootecnista José Elton de Melo Nascimento, supervisor de apicultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar-GO). Cada uma tem entre 80 mil e 90 mil insetos, o que significou a perda de milhões de abelhas.

A polinização é a transferência dos grãos de pólen de uma flor (estame), que é a estrutura masculina, para o estigma, que é a estrutura feminina, da mesma flor ou de uma flor para outra. O zootecnista lembra que 87% das espécies de plantas com flores e 75% de todas espécies de plantas usadas para alimentação humana dependem da polinização, feita principalmente pelas abelhas.

“As abelhas são um dos insetos que fazem a polinização, que também depende de animais, como morcegos, besouros e beija-flores. Mas elas representam 78,9% do total dos animais que participam deste trabalho”, alerta. A produção de frutas como maracujá, melancia, melão, morango e cacau depende mais de 95% da polinização, sem a qual os frutos sairiam menos doces, menores ou até deformados, além de produzirem uma quantidade menor.
Commodities
Mas o supervisor de apicultura do Senar-GO alerta que a polinização também é importante para as lavouras de commodities. Ele conta que, no caso do plantio de soja, por exemplo, este trabalho feito pelas abelhas pode representar de 10% a 17% de incremento na produção, com grãos maiores, mais oleaginosos e maior quantidade deles por vagem. “Muita gente pensa que a soja não depende das abelhas. Mas elas são importantes até para a produção de carne, pois os animais se alimentam de grãos e gramíneas, que também são polinizadas pelas abelhas”, explica Nascimento.

A professora Edivani Villaron Franceschinelli, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), especialista em apicultura, explica que a soja tem uma dependência mais modesta dos polinizadores, pois em sua flor da ocorre a autopolinização, sem a necessidade de um polinizador. Mas ela alerta que, quando as flores de soja da lavoura recebem a visita das abelhas polinizadoras, a produção de grãos por vagem aumenta.

“O mesmo ocorre com diversos cultivares de feijão crioulos que foram estudados. Verificamos isso também em plantações de tomate da região de Goianápolis e Anápolis”, informa a professora e pesquisadora da UFG. A instituição produziu até uma cartilha direcionada aos produtores de tomate alertando sobre a importância da polinização para melhor produção dos tomateiros e orientando sobre a adoção de práticas agrícolas amigáveis aos polinizadores, como os cuidados na utilização de insumos agrícolas.
“Mas estamos trabalhando com a polinização dos tomateiros nas mesmas áreas de dez anos atrás e estamos constando uma falta das abelhas que visitavam as flores do tomateiro. A taxa de visita delas e a diversidade de abelhas é muito menor dez anos depois”, diz Edivani Villaron. Ela informa que o estudo coletou dados no ano passado e vai continuar neste ano.
Por tudo isso, o supervisor de apicultura do Senar alerta que o grande produtor de commodities também deve estar atento e tomar os cuidados necessários, pois apiários próximos de suas lavouras ajudam no aumento da produtividade de suas lavouras. “Muitos não têm informações e usam agrotóxicos de forma indiscriminada, que podem matar as colônias de abelhas”, destaca. Porém, outros são avisados sobre a necessidade de informar o dia e horário de aplicação dos defensivos agrícolas, mas alguns negligenciam isso, sem saber que terão prejuízo.

A desorientação e morte provocadas pelos agroquímicos nas abelhas causam desequilíbrio financeiro e ambiental. “Quando colônias de apiários são mortas, o prejuízo é enorme para o apicultor, que perde sua fonte de receita, que é o mel. Mas também há o desequilíbrio ambiental, porque 90% das plantas nativas dependem delas para se reproduzir”, alerta o zootecnista.
Ele lembra que elas são um tripé da sustentabilidade: a parte econômica da produção de mel e polinização de produtos agrícolas; a questão social, pela oportunidade de geração de renda para produtores no campo, e a questão ambiental, porque plantas dependem delas e o homem também.
Gabriela Souza, consultora da Souza Consultoria, especializada em Apicultura e Meliponicultura, e 2ª secretária da Associação de Apicultores no Estado (Apigoias), acredita que a polinização pode elevar em até 30% a produção de soja por hectare. “Dá pra fazer a consorciação da apicultura com qualquer lavoura, desde que ambos se respeitem em termos de produção. Um bom exemplo é o café, cuja lavoura tem produtividade elevada em até 40% quando a área tem apicultura”, ressalta.

Para ela, a alta mortalidade de abelhas é prejuízo certo não só para o apicultor. “Isso pode comprometer uma vida de trabalho do apicultor, que vive disso e precisa começar do zero, ficando pelo menos um ano sem produzir”, conta. Mas o agricultor também pode ter grande prejuízo, de acordo com o nível de dependência da cultura em relação à polinização, além da perda de produtividade. “Em alguns lugares já há deficiência de abelhas”, alerta. Em estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, produtores de soja já estão adquirido os próprios apiários ou até alugando colmeias para fazer a polinização e aumentar a produção. Para a consultora, os números sobre mortalidade de abelhas podem ser bem maiores, pois muitos apiários não têm registro. Sem falar nas abelhas que não estão em apiários.

sábado, 13 de janeiro de 2024

Meliponicultores do AM têm até 2025 para regularizarem planteis

 Fonte: D24am.com

O prazo, que terminaria em dezembro de 2023, foi prorrogado para 31 de dezembro de 2025

Manaus – Os meliponicultores do Amazonas têm até 31 de dezembro de 2025 para apresentarem a autodeclaração de origem das abelhas sem ferrão. O prazo, que terminaria em dezembro de 2023, foi prorrogado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cemaam) após solicitação do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam).


A medida vai beneficiar os agricultores familiares que ainda não conseguiram se regularizar junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão responsável pela emissão de documentos indispensáveis para a realização da atividade. Por isso, os meliponicultores que tiverem dificuldades na realização do cadastro, podem buscar auxílio com técnicos do Idam nos municípios.

“A regularização da atividade é essencial para fortalecer a cadeia produtiva no estado e garantir o acesso dos criadores às políticas públicas. Os técnicos do Idam estão aptos para intermediarem o processo de cadastro e de licenciamento ambiental dos meliponários”, enfatizou o diretor-presidente do Idam, Vanderlei Alvino.

Regularização

A regularização dos criadouros de abelhas silvestres nativas sociais no estado implica na importância para fins de comercialização de colmeias, partes, produtos e para consumo próprio e familiar que dependem de cadastro ou licenciamento ambiental, como também na facilidade de acesso às políticas públicas.

Publicada em 15 de dezembro de 2023, a Resolução CEMAAM Nº 43 prevê que os criadores que não possuem a documentação comprobatória de origem de abelhas nativas (tais como nota fiscal da aquisição de espécimes ou documentos de doação), poderão apresentar o Termo de Declaração de Plantel Pré-Existente de Espécies Autóctones de Abelhas Nativas Sem Ferrão ao Estado do Amazonas, conforme prorrogação de prazo que vai até o dia 31 de dezembro de 2025.

O termo deve ser assinado pelo criador e conter informações como nome científico e comum da espécie, além da quantidade de colônias existentes. As informações devem constar na requisição do Cadastro de Criador de Abelhas Sem Ferrão ou Licença Ambiental Única (LAU) junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM.

“A Resolução atende, principalmente, à demanda de meliponicultores com mais de 20, 30 anos exercendo na atividade, e não tem como comprovar documentalmente a origem de suas abelhas nativas, dada a legislação recente voltada para a atividade no Amazonas. A importância do prazo estendido, se dá também, principalmente pela logística do estado, e o IDAM está à disposição para as devidas orientações”, destacou a tecnóloga em agroecologia do Idam, Ana Cláudia Müller.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Parque de Osasco recebe exposição de orquídeas e abelhas, aulão de ritmos e mais

 Fonte: Visão Oeste

Foto: Fernanda Cazarini
Foto: Fernanda Cazarini

O parque Dionísio Álvares Mateos (Rua Georgina, 64, Jardim das Flores), em Osasco, receberá o evento “Férias no Parque”, no dia 20 de janeiro, sábado. Haverá diversas atividades de lazer e recreação para todo o público, das 9h às 15h.

A programação especial de férias começa às 9h, com um aulão de ritmos ministrado pela professora Janete. Depois, às 10h, o SESC Osasco oferece oficina de pintura botânica. O público também poderá participar de oficinas de culinária, de cuidados com as orquídeas e de fotografia aérea com drone.

Durante o dia do evento estarão disponíveis tendas espalhadas pelo parque para aferição de pressão e glicemia, com jogos de materiais recicláveis, informações sobre a dengue, sobre reciclagem com a Cooperativa de Materiais Recicláveis Coopernatuz, exposição de orquídeas com o Orquidário Municipal e exposição de abelhas brasileiras sem ferrão com o Projeto Polinizando.

As atividades da programação são pensadas para todas as idades e públicos. O parque conta ainda com infraestrutura de banheiros, bebedouros e parquinho para crianças de até 10 anos.

Também haverá uma feira gastronômica com pastel, pipoca, algodão doce e cachorro-quente disponíveis para a compra.

Confira a programação completa do evento Férias no parque em Osasco:

9h: Aulão de ritmos (Professora Janete);

10h: Oficina de pintura botânica (SESC Osasco);

11h: Atividade física para crianças na quadra (Secretaria de Recreação, Esporte e Lazer);

12h: Oficina de culinária: sabores sustentáveis (Banco de Alimentos de Osasco);

13h: Oficina de cuidados com as orquídeas

14h: Oficina de fotografia aérea com drone (Fábrica de Cultura de Osasco)

SERVIÇO

Férias no Parque

Quando: 20/01/2024, das 9h às 15h

Local: Parque Dionísio Álvares Mateos, na Rua Georgina, 64, Jardim das Flores

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Sem ferrão, sem perigo: abelhas sem o órgão aumentam produção em até 90%

 Fonte: Ecoa


A natureza com seu equilíbrio perfeito não para de surpreender produtores e pesquisadores que, muitas vezes, encontram no próprio ciclo natural da vida a solução para problemas que julgavam impossíveis de resolver.


No Distrito Federal, a introdução de abelhas sem ferrão em uma área de plantio foi determinante para o aumento de 30% na produção de abóboras. A Emater-DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal) tem incentivado a prática e garante que essa é uma estratégia barata e sustentável para melhorar o rendimento de diversas culturas agrícolas.


O trabalho experimental que deu certo ocorreu na fazenda Malunga. Técnico da Emater-DF, Carlos Morais explica a Ecoa que a relação milenar entre abelhas e flores carrega uma teoria curiosa: as plantas "seduzem" as abelhas há milhões de anos, quando desenvolveram estratégias de atração dos insetos para serem polinizadas.


"As flores possuem estruturas masculinas e femininas para a formação de sementes e frutos. Algumas plantas possuem flores masculinas e femininas separadas, como no caso das abóboras. Nesse caso, os insetos são atraídos pelo aroma e alimentos oferecidos pelas flores (néctar e pólen)." - Carlos Morais, pesquisador


O pesquisador diz que, ao entrar na flor em busca desses alimentos, as abelhas acabam transportando o pólen de uma flor para outra. "O trabalho da Emater com os produtores de frutas e hortaliças é mostrar a importância e o benefício dessa relação existente na natureza, reproduzida nas lavouras cultivadas comercialmente", detalha.


Produção aumenta naturalmente


O cultivo comercial de alimentos exige a implantação de grandes áreas plantadas com uma só planta. Uma única espécie, com uma floração que também ocorre em um curto espaço de tempo. Por esse motivo, destaca o pesquisador, se faz necessária a introdução de colônias de abelhas para intensificar o trabalho natural de polinização.

"Contando apenas com a população normal desses polinizadores, a produção seria menor. Vou utilizar novamente o exemplo das abóboras. Em uma área de cultivo normal, contando apenas com a população local de insetos polinizadores, a produção média é de 15 toneladas por hectare. Ao introduzir uma quantidade maior de abelhas durante o período de floração das abóboras, a produção pode ultrapassar as 22 toneladas por hectare", diz Morais.

Ou seja: na mesma área de cultivo, sem ter que aumentar os gastos com adubo ou água para irrigação, o agricultor pode ter acréscimos de produtividade em seus cultivos, de acordo com o pesquisador.

A técnica pode ser utilizada em diversas culturas. Com o café, exemplifica o técnico, o trabalho de polinização das abelhas pode aumentar a produtividade em até 35%. Já no cultivo de laranja ou limão, esse aumento da produtividade pode variar de 25% a 30%. E com a soja, as abelhas podem elevar a produtividade em até 20%.

"Algumas culturas são altamente beneficiadas. Melão aumenta 80% da produtividade. Maçã e açaí aumentam em até 90%. Essa técnica de introduzir colônias das abelhas para para prestação de serviço ambiental de polinização pode ser aplicada em qualquer área de cultivo de alimento desde que sejam observadas as regras de controle do uso de agrotóxicos" - Carlos Morais, pesquisador.


Sem ferrão, sem perigo


Em zonas onde são utilizados defensivos químicos pode haver mortalidade das abelhas. "Estamos utilizando abelhas nativas criadas por meliponicultores da região. Essas abelhas naturalmente não possuem ferrão e por esse motivo não oferecem riscos aos trabalhadores. As abelhas com ferrão também podem ser utilizadas, desde que seguidas as regras de proteção", explica o pesquisador.

O aumento de 30% na produção de abóboras ocorreu na fazenda Malunga, do produtor Joe Valle. A Ecoa, o agricultor conta que a fazenda tem o histórico de trabalhar com a diversidade da natureza. A presença das abelhas na região, segundo ele, sempre despertou o interesse em, de alguma forma, fazer um trabalho polinizador utilizando os animais, mas lhe faltava conhecimento.

Valle lembra que começou a procurar consultoria especializada há 3 anos. O apoio da Emater-DF foi importante no desenvolvimento e implantação do modelo que usa as abelhas sem ferrão dentro de estufas. O trabalho começou pelos tomates, que teve aumento de 20% na produção, e depois seguiu para as abóboras.

"Tínhamos pessoas da Emater trabalhando com isso e eles nos apresentaram um casal que é de um jardim de mel e fazia aquelas caixas para as abelhas. Era a minha dificuldade conseguir essas caixas e ter pessoas que pudessem dar o conhecimento para a gente começar", conta.

Mais e melhores abóboras



O produtor conta que implantou o sistema das abelhas no cultivo de abóbora tetsukabuto, que é uma planta que precisa de polinização cruzada. As caixas que ele cita são estruturas dispostas ao longo da plantação com o objetivo de atrair as abelhas. De acordo com ele, os insetos encontram abrigo nessas estruturas e isso faz com que a presença delas no cultivo tenha continuidade.

"A gente tinha resultados muito ruins de produção de abóboras nos anos passados, e neste ano foi surpreendente. Um resultado fantástico e uma produção com abóboras mais adocicadas. Essas abelhas procuram abrigo e entram nessas caixas iscas preparadas, o resultado disso é mel. A gente também está montando um modelo de agroturismo, recebendo nossos clientes aqui no sábado de manhã com harmonização do mel com nossos queijos", conta.

"A utilização dessas abelhas não tem contraindicação. Elas são mansas e de fácil manejo. A gente está preservando as abelhas nativas aqui do cerrado, produzindo mel e ampliando a produção de abóboras. É um ciclo sustentável e ecológico, que dá retorno para a fazenda e contribui com o meio ambiente", comemora o agricultor.

sábado, 9 de dezembro de 2023

REGULARIZAÇÃO DE MELIPONÁRIOS NO ESTADO DE SP – RESOLUÇÃO SIMA Nº 11/21

Fonte: Sem Abelha Sem Alimento 

Publicada no dia 04 de Fevereiro de 2021, a RESOLUÇÃO SIMA Nº 11, DE 03 DE FEVEREIRO DE 2021 cria a categoria de empreendimento de fauna silvestre “Meliponário” e dispõe sobre os procedimentos autorizativos para o uso e manejo de abelhas nativas sem ferrão no Estado de São Paulo.

Mirim preguiça pousada em uma flor de manjericão
Mirim-preguiça, uma espécie de abelha sem ferrão, em uma flor de Manjericão. Foto: Sidney Cardoso.

O QUE IRÁ MUDAR A PARTIR DE ENTÃO COM A NOVA RESOLUÇÃO?

Considerando a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 496, DE 19 DE AGOSTO DE 2020, que disciplina o uso e o manejo de abelhas sem ferrão (ASF) em meliponicultura, a Resolução SIMA 11/2021 institui, nos limites do Estado de São Paulo, a criação da categoria de “empreendimento de uso e manejo de fauna silvestre sob cuidados humanos, denominada Meliponário visando atender às finalidades de criação de abelhas nativas sem ferrão” (Artigo 1º). 

Com a criação desta categoria, e ainda segundo o Artigo 1º,

“ficam estabelecidos os procedimentos autorizativos para o uso e manejo de abelhas-nativas-sem-ferrão no Estado de São Paulo que envolvam espécimes e colônias para fins de atividades socioculturais ou exposição voltada à educação ambiental, de comercialização de produtos ou subprodutos e serviços de polinização, de atividade de ensino, de pesquisa científica e de conservação.” 

QUAIS SÃO OS NOVOS PROCEDIMENTOS AUTORIZATIVOS QUE O INTERESSADO EM CRIAR ASF DEVE REALIZAR? 

A partir da data de sua publicação, os interessados em iniciar uma criação de abelhas sem ferrão “deverão se cadastrar na categoria Meliponário e obter, por meio de procedimento único e simplificado, no âmbito do Sistema Integrado de Gestão da Fauna Silvestre do Estado de São Paulo – GEFAU, Autorização de Uso e Manejo de Fauna Silvestre para as espécies de interesse”. 

O cadastro no sistema GEFAU é realizado no site do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGAM). Caso você nunca tenha acessado o site é necessário que seja feito um novo cadastro a partir de um CPF para que um login e uma senha de acesso sejam criados. A partir disso você terá acesso ao sistema GEFAU e deverá acessar o ícone “Meliponicultor”. Ao clicar nesta aba, você terá acesso a um manual que explica como os dados devem ser preenchidos, bem como os modelos de declarações necessárias. Esta parte pode parecer um pouco complicada, mas seguindo passo a passo disponibilizado pelo próprio SIGAM é possível se orientar sem grandes transtornos.

Após obter a autorização mediante cadastro no sistema GEFAU, é necessária a inclusão do plantel em forma de lotes no mesmo sistema. Vale ressaltar que o cadastro deve ser feito individualmente, considerando que cada colméia é um lote. Cada um desses lotes deve ter um código (especificado no ninho-caixa) a ser informado no GEFAU. O plantel deve ser cadastrado em até 30 dias após a emissão da Autorização de Uso e Manejo. 

Ainda segundo a Resolução, ficam estabelecidos como atividades inerentes à categoria Meliponário e, portanto, sujeitas a obtenção de autorização emitida no âmbito do sistema GEFAU:

“I – coleta e captura na natureza por meio de ninho-isca;

 II – resgate de espécimes ou colônias na natureza em áreas de supressão de vegetação ou em situação de risco alojadas em cavidades naturais ou artificiais;

III – transferência (incluindo troca ou permuta) de espécimes ou colônias (e suas partes) para outros Meliponários devidamente autorizados pelo órgão ambiental competente;

 IV – transferência ou empréstimo de espécimes ou colônias (ou suas partes) para atividades de polinização dirigida ou projetos de pesquisa científica ou de conservação in situ devidamente autorizados pelo órgão ambiental competente;

V – soltura em território paulista de colônias (ou suas partes) ou espécimes do plantel de Meliponário autorizado em se tratando de espécie autóctone conforme listagem prevista no §4º do artigo 3º.”

A legislação ainda prevê que, em casos de transferência de titularidade do(s) meliponário(s) e/ou mudança de endereço da localização do(s) mesmo(s), um novo cadastro deverá ser realizado no sistema e uma nova autorização deverá ser emitida.

JÁ POSSUO UMA CRIAÇÃO DE ABELHAS SEM FERRÃO COM PLANTEL PRÉ-EXISTENTE, ATÉ QUANDO PRECISO REALIZAR O CADASTRO JUNTO AO GEFAU?

Neste caso, os criadores terão até o dia 19 de Agosto de 2021 para realizar o cadastro no sistema GEFAU e requerer a autorização de Uso e Manejo de Fauna Silvestre na categoria Meliponário. Ainda, anteriormente ao requerimento, deverão:

“I – apresentar documento comprobatório da origem das colônias que compõe o seu plantel inicial consistindo em autorização(ões) de manejo in situ para instalação de ninhos-isca ou nota fiscal de aquisição de espécimes ou colônias em criador autorizado; 

II – em não possuindo a documentação comprobatória de origem, mencionada no inciso anterior, deverá apresentar o Termo de Declaração de Plantel Pré-existente, conforme Anexo I e Anexo II, respectivamente em se tratando de espécies de abelhas-nativas-sem-ferrão – ANSF autóctones e alóctones ao Estado de São Paulo.”

No site da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente você encontrará a Resolução completa disponível para download que possui dois formulários em anexo: (1) termo de declaração de plantel pré-existente de espécie(s) nativa(s) autóctone(s) ao estado de são paulo e (2) termo de declaração de plantel pré-existente espécie(s) nativa(s) alóctone(s) ao Estado de São Paulo.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Programa de incentivo à produção de mel alcança 2,3 mil produtores em 256 municípios

 Fonte: Agência Sertão


Com intuito de estimular o empreendedorismo, o cooperativismo e a inclusão produtiva, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) vem fomentando a produção de mel pelo Brasil, por meio do Programa Rotas de Integração Nacional. A ação possibilita que os produtores trabalhem em conjunto, ganhem escala e possam comercializar com outras localidades, estados e até países.

De acordo com informações do MIDR, desde a criação da Rota do Mel, em 2019, o MIDR investiu mais de R$ 13,7 milhões na estruturação da cadeia da apicultura (abelhas apis mellifera) e da meliponicultura (abelhas nativas sem ferrão) em oito estados do País. Foram beneficiados mais de 2,3 mil produtores, responsáveis por cerca de 24,1 mil toneladas anuais de mel e derivados, como própolis, pólen, cera de abelha e geleia real.

“A Rota do Mel tem o objetivo de estruturar o setor da apicultura e da meliponicultura em diversas regiões do Brasil. O apoio do Governo Federal, por meio do MIDR, se dá a partir de diferentes frentes de atuação, como a aquisição de equipamentos para beneficiamento e fracionamento do mel, implantação de unidades de beneficiamento, no melhoramento genético, em novas tecnologias e no uso da inteligência artificial associada à cadeia”, explica a secretária Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Adriana Melo.

Atualmente, a Rota do Mel conta com nove polos estruturados: Polo Apícola do Norte de Minas (MG), Polo do Mel de Jandaíra (RN), Polo do Mel do Pampa Gaúcho (RS), Polo do Mel dos Campos de Cima da Serra (RS), Polo dos Sertões de Crateús e Inhamuns (CE), Polo do Mel do Semiárido Piauiense (PI), Polo do Mel do Semiárido Baiano (BA), Polo do Sudeste do Pará (PA) e Polo do Mel do Caparaó e Sul Capixaba (ES).

Minas Gerais

Dos R$ 13,7 milhões investidos pelo MIDR na Rota do Mel, cerca de R$ 6 milhões foram destinados a Minas Gerais. Os recursos, provenientes de Termo de Execução Descentralizada (TED) feito pelo MIDR para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vão permitir a expansão da atividade, a diversificação dos produtos e dos mercados atendidos e a agregação de valor à produção. Neste mês, foi entregue à Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Copejai) um entreposto com capacidade de processamento de mil toneladas de mel por ano.

Os recursos também preveem a implantação de 25 unidades de extração coletivas de mel em contêineres, que vão beneficiar apicultores de 20 cidades do norte de Minas Gerais. As estruturas vão permitir a ampliação da produção e que os produtos apícolas da região sejam exportados para mais países, inclusive os que exigem a rastreabilidade, como os da União Europeia.

Já no Ceará, foram investidos R$ 380 mil para a estruturação de unidades de extração de produtos derivados da apicultura em 20 municípios. Os recursos contemplaram a compra de equipamentos como desoperculadoras elétricas e mesas desoperculadoras, que servem para remover os opérculos que cobrem os alvéolos dos favos de mel maduros, além de centrífugas manuais e decantadores, entre outros.

No Rio Grande do Norte, R$ 875 mil foram destinados à compra de equipamentos e capacitação de meliponicultores no Polo de Jandaíra e à entrega de uma máquina de cera automática, que beneficiará os apicultores que farão parte do Polo do Mel Potiguar, que será criado em 2024.

Para o Pará, serão repassados R$ 300 mil, por meio de uma TED com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para estruturar, fortalecer e aprimorar as cadeias produtivas da apicultura e da meliponicultura, integrando sustentabilidade e geração de renda no estado.

E, para o Rio Grande do Sul, serão destinados, até o fim do ano, R$ 500 mil para implementação do cercamento e calçamento do entreposto da Cooperativa de Apicultores do Pampa (Cooapampa), no município de São Gabriel.

Morador do município de Madalena, no Ceará, o apicultor Luís Gonzaga de Sousa Neto destaca que o apoio do MIDR tem feito diferença para os produtores da região. “Esta parceria possibilitou a abertura de portas e gerou novas oportunidades. Aqui, nós tivemos acesso a kits de produção, a equipamentos de proteção individual e ganhamos muito conhecimento também. Porque muitos entram na apicultura, alguns por necessidade, outros por curiosidade, e muitas vezes tem essa falta de conhecimento mesmo. E a Rota do Mel veio favorecer nesse sentido, assim como o Centro de Inovações e Tecnologia do IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), que nos deu vários cursos”, afirma.

O presidente da Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas, Luciano Fernandes, também estaca a importância da parceria com o Governo Federal. “Com o investimento do MIDR no norte de Minas, por meio da apicultura, foi possível trabalhar na produção, no processamento e também conseguimos promover abertura de mercado por conta da questão das boas práticas”, conta. “Agora, temos muita gente trabalhando na apicultura, que é uma área essencial para o desenvolvimento da nossa região”, completa.

Novos polos

O MIDR também está investindo na criação de polos da Rota do Mel em mais dois estados. Em Pernambuco, a Pasta destinou R$ 2,4 milhões para a construção de três casas de mel e na compra de equipamentos. O lançamento oficial do polo, denominado Polo do Sertão do Pajeú, está marcado para o dia 7 de dezembro.

No Paraná, R$ 575 mil foram investidos em um programa-piloto de melhoramento genético, que vai atender todos os polos da Rota do Mel. Denominado Polo do Sudoeste do Paraná, o polo será implementado em março de 2024. As discussões já foram feitas com as instituições e apicultores em oficina realizada em outubro na cidade de Apiguassu.

O objetivo do projeto paranaense é ampliar discussões e estratégias que possibilitem o estabelecimento de um Programa de Melhoramento Genético Animal (PMGA) nacional duradouro e eficiente sob o ponto de vista da produção animal. Serão elaboradas metas de curto, médio e longo prazo, junto a apicultores, pesquisadores, técnicos extensionistas e autoridades governamentais, para que o Brasil possa ter um plano claro de execução para o estabelecimento do PMGA.

Um projeto-piloto, com duração média de dois anos, será realizado na região Sudoeste do Paraná, com o objetivo de modelar todo o processo de coleta de dados, treinamento de apicultores, avaliação genética, seleção dos melhores materiais, reprodução, estabelecimento do material selecionado a campo e monitoramento de resultados.

Ao final desse período, os resultados alcançados, assim como todas as estratégias de sucesso e os gargalos, serão apresentados aos integrantes da cadeia produtiva da apicultura nacional, com o objetivo de ampliar as discussões e refinar as metas almejadas.

Além de Pernambuco e do Paraná, o MIDR também tem demanda para criação de polos da Rota do Mel nos estados de Sergipe, Tocantins, Paraíba, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte.

Protagonismo feminino

A secretária Adriana Melo destaca que a cadeia da apicultura e da meliponicultura é altamente inclusiva, pois trabalha com a perspectiva de gênero. “Diversas comunidades lideradas por mulheres têm protagonismo no desenvolvimento desse setor produtivo no país. É uma cadeia que também envolve o componente da sustentabilidade, devido à polinização, que é feita pelas abelhas nos diversos biomas onde essa rota se desenvolve”, afirma. “A Rota do Mel é fortemente ligada a outros setores produtivos, envolve diversos polos, na Amazônia, na Caatinga, nos estados do Sudeste e do Sul. Portanto, é uma Rota da Integração Nacional de fato, pois leva a qualidade do mel do nosso país pelo mundo afora”, completa.

O Programa Rotas de Integração Nacional foi atualizado em agosto de 2023 com a proposta de dar ênfase a ações com foco em sustentabilidade e inovação e na inserção de mulheres e jovens no processo produtivo. Outra inovação foi o incentivo à criação de startups e a busca por parcerias com universidades e institutos de ensino e pesquisa, de forma a encontrar soluções mais eficientes para as necessidades de cada arranjo produtivo local.

A iniciativa inclui um conjunto de estratégias, como assistência técnica, capacitação, extensão universitária, inovação na gestão, fortalecimento da governança, pesquisa e disseminação do conhecimento, aperfeiçoamento de instrumentos de arrecadação e de gestão de serviços, desenvolvimento de metodologias de monitoramento e avaliação de políticas e programas e o apoio à elaboração de projetos integrados para o desenvolvimento regional e ordenamento territorial.

Atualmente, o MIDR reconhece, em todo o País, quatro polos da Rota do Açaí; seis da Rota da Biodiversidade; três da Rota do Cacau; 15 da Rota do Cordeiro; duas da Rota da Economia Circular; cinco da Rota da Fruticultura; seis da Rota do Leite; nove da Rota do Mel; quatro da Rota da Moda; oito da Rota do Pescado; e quatro da Rota da Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC).

Congresso de Apicultura e de Meliponicultura do Brasil

No último fim de semana, o MIDR participou do Congresso de Apicultura e de Meliponicultura do Brasil, promovido pela Confederação Brasileira de Apicultura (CBA). Em parceria com a Codevasf, a Pasta montou um estande de divulgação da rota. O MIDR participou, ainda, da abertura do congresso e fez uma palestra técnica aos participantes.